quinta-feira

Testemunho de Rosana Cavalcante Lucena, consagrada de aliança
13 de setembro de 2015

"Comecei minha caminhada muito nova, aos 16 anos. Ao iniciar a preparação para a Crisma, formei um grupo de jovens e, com a ajuda de alguns irmãos, fundamos a Comunidade Javé Yiré, a qual já não existe. Atualmente, muitos de seus ex-membros fazem parte da Comunidade Doce Mãe de Deus. 
Depois de muito caminhar, resolvi, no ano 2000, consagrar minha vida como leiga consagrada. Nunca me arrependi de gastar minhas forças pela evangelização. Gastei as minhas melhores forças e não me arrependo! Ser de Deus vale muito a pena! Nunca perdi a alegria de servir a Deus! Senti-me fraca em muitos momentos, mas nunca deixei de desejar Deus. Nunca perdi a graça de querer Deus!
Entrei na Comunidade Doce Mãe de Deus depois do Retiro de Carnaval, promovido por esta em 2013 e, poucos meses depois, comecei a ter complicações em minha visão. Submeti-me a uma cirurgia em Goiânia, arriscando-me ao abraçar essa chance. Houve complicações maiores e perdi a capacidade temporária de enxergar. Todo esse sofrimento veio no melhor momento da minha vida! Quando reencontrei toda a força de evangelização dentro de mim. Sabia que Deus estava cuidando de tudo! Eu tinha duas opções: ou fazia da minha dor um trampolim pra me levar a Deus ou ficava em casa choramingando. O 'Sim' custa muito, mas vale a pena! Sempre fui muito independente e me ver dependendo de todos não foi fácil. 
Deus está me ensinando a ser pobre de verdade. Compreendi em minha vida o sentido da palavra de São Paulo: 'quando sou fraco é que sou forte'. Sei que não posso pedir a Deus que me cure, mas que me faça viver bem mesmo na dor. Tudo isso está me ensinando e me fazendo crescer em comunidade; estou aprendendo a ser um com meus irmãos. Em minha consagração, não pude ver nada com os olhos, mas sei que o Espírito de Deus inundou a minha vida! A marca que estava em meu rosto naquela noite era a marca de ser de Deus! As minhas lágrimas diante de meu Senhor diziam 'eu te amo'. 
Jovens, tenham certeza de que Deus está cuidando de tudo! Sou feliz porque a graça de Deus me sustenta! Cantei muitas vezes 'dá-me a têmpera dos mártires'. Sei que Deus ouviu minhas preces e me fez passar por tudo para me firmar ainda mais n’Ele. Muitas vezes em minha vida escolhi DEUS. Tantas vidas eu tivesse, tantas vidas eu daria a DEUS".
Da redação, CDMD Missão Maceió

quarta-feira

“Missão do Consagrado!”
Pregação Monsenhor José André, consagrado de vida
13 de Setembro de 2015


“A missão do consagrado é salvar almas!”
(Monsenhor José André)



A grande Missão do Consagrado é salvar almas! Uma missão urgente e contínua que deve ser levada a sério por todos nós. 
Não podemos ser consagrados doentes. Antes, porém, precisamos assumir essa vida abraçada em Cristo e assumir a missão de salvar outras vidas. As pessoas precisam nos conhecer como somos, como cristãos, discípulos e missionários de Cristo. Não podemos ter receio de entrar nos lugares assumindo nossa identidade de consagrado. O caminho do consagrado é o céu, temos que ser guiados pelo caminho da luz. O consagrado precisa ter uma visão iluminada, porque ele caminha para o céu e tem a missão de conduzir outras pessoas ao mesmo caminho. ‘Um cego não pode guiar outro cego’. Quando um homem que não está na luz (cego) tenta guiar o outro que também não está na luz (cego), os dois correm o risco de afastar-se deste caminho. 
Trago aqui, segundo o Papa Francisco, as tentações mais comuns sobre a vida consagrada:
1- Martalismo: Encontramos muitas Martas, isto é, muitos consagrados que vivem do excesso de trabalho e ausência de oração; 
2- Mentalidade Dura: Quando se perde a serenidade interior, a vivacidade e audácia e nos escondemos atrás de papéis, deixando de ser homens de Deus, tornando-se homens de papéis;
3- Má Coordenação: Quando se perde a comunhão; quando se perde o equilíbrio. Por exemplo a gula, que desencadeia um processo que se tenta saciar algumas situações comendo exageradamente; 
4- Alzheimer Espiritual: deixa-se perder a memória de suas experiências pessoais com o divino; 
5- Rivalidade e Vanglória: Quando o objetivo da vida são as honras. Leva-nos a ser falsos e a viver um falso misticismo;
6- Esquizofrenia existencial: é o fazer algo diversas vezes sem se preocupar com as consequências. Não avança e atrapalha o avanço dos outros;
7- Mexericos: É a doença dos velhacos que não tendo a coragem de falar diretamente, falam pelas costas;
8- Cara Fúnebre: Para ser sérios é preciso ser duros e arrogantes. O apóstolo deve esforçar-se por ser uma pessoa cortês, serena, entusiasta, alegre e que transmite alegria; 
9- Cortejar os Chefes: Carreirismo e oportunismo; "puxa saco". Pensam no que quer obter, e não no que deve dar. Pode acontecer também aos superiores; 
10- Acumular Bens Materiais: Quando o apóstolo tenta preencher um vazio existencial no seu coração acumulando bens materiais, não por necessidade, mas só para sentir-se seguro.
Temos muitas mazelas que acometem o homem de Deus consagrado. Uma delas, por exemplo, é a acídia espiritual ou preguiça espiritual. É preciso viver o caminho de santidade rumo ao céu, assumindo a radicalidade do seguimento a Cristo. O consagrado precisa ser um entusiasta, um protagonista do Evangelho, precisa ser curado de muitas doenças. Ele deve ser um homem livre, livre das diversas formas de bajulação. Quando o consagrado deixa de evangelizar, o mal começa a entrar na alma. A vida em missão santifica a vida consagrada, torna-o profeta e comprometido com o Caminho, a Verdade e a Vida. O profeta interpreta os acontecimentos e traz a realidade do céu para a sua realidade. O Profeta é capaz de anunciar e denunciar tudo que Deus quer que Ele fale para o bem dos pobres, para o bem de Seu povo. 
A vida consagrada impulsiona o homem para a prática do bem. O consagrado é capaz de dar a vida pelo outro. Muitas pessoas querem usar a vida consagrada, mas o verdadeiro papel do consagrado é ser e assumir a vida consagrada e suas consequências. No mundo de hoje as pessoas almejam o poder. "Eu, como consagrado e padre, sempre quis ser padre em um lugar pobre, pedi isso em minha ordenação e Deus atendeu. Fui para a Serra da Raiz e encontrei lá uma terra de missão. Todos os dias quando acordava pedia a Deus a sabedoria para salvar vidas. Quando cheguei nas missas dominicais, contava apenas 17 pessoas na igreja. Hoje os bancos estão cheios. Daquele lugar pobre e pequeno, a vida missionária da minha comunidade foi chegando até o centro da Diocese de Guarabira. Do pequeno, Deus multiplica para o muito".
Precisamos entender que é preciso florir onde estivermos. Até quando eu tiver no lugar não posso abandonar a missão, preciso continuar para não adoecer. Quando nos consumimos, os frutos crescerão. O que atrai novos irmãos para a vida consagrada é a alegria. O que torna fecunda a vida consagrada é a alegria. O trabalho que dá fruto está regado pela alegria. É a alegria que marca nossa evangelização. É a alegria que atrai... O maior projeto vocacional é o seu sorriso, a sua alegria de ser Comunidade, a sua simpatia e amizade. Uma Comunidade carrancuda só faz espantar mosquito, uma comunidade que sorri atrai jovens, amigos e amigas em Cristo. A esperança em Deus é a nossa alegria. Uma alegria plena e eterna. Alegria que nos leva para o céu. Se você está com rosto carrancudo reze mais, sorria mais, espere em Deus, coloca sua esperança no Amado. 
Por fim, sejamos homens e mulheres, verdadeiros consagrados felizes!”.

Da redação, CDMD Missão Maceió

“Onde está o Consagrado está a Alegria!”
Pregação Monsenhor José André, consagrado de vida
13 de Setembro de 2015


“A alegria do Senhor traz suavidade ao coração, 
enchamos o coração de alegria para permanecermos no caminho do crescimento
...A alegria nos torna leve e feliz para o seguimento radical ao Cristo”
(Monsenhor José André)




“Falar sobre vida consagrada para quem é jovem de idade e de espírito traz grande alegria ao meu coração, pois se apresenta como um novo em minha vida. Esta pregação está baseada na Carta Apostólica do Papa Francisco para o Ano da Vida Consagrada, subsídio que reflete bem a vida de nosso Papa, por também ser um servo de Deus na vida religiosa. Nela o Papa fala da nossa vida a partir da consagração do Batismo. O Batismo é a nossa primeira e grande consagração, um selo que não sairá nunca mais. Essa consagração nos aponta um caminho de radicalidade. Uma radicalidade vivida na alegria. 
O Evangelho nos ensina o caminho de radicalidade, alegria e missão, uma alegria que vem do coração. A alegria do Evangelho não é uma alegria passageira, mas eterna. Fui consagrado a Deus pelo Batismo, depois no Carisma Doce Mãe de Deus, depois consagrei minha vida no celibato, caminho que me fez definir minha vida para sempre dentro de uma vida consagrada. Olhando para minha vida, entendo que a nossa vida é uma construção, disse Santo Irineu: ‘Nossa vida é uma construção’. 
São Francisco conversando com seus irmãos disse que Deus é paciência, exatamente porque Ele entende que nossa vida é uma construção. Quando algo está em obras, o que encontramos no meio civil? Sempre encontramos uma plaquinha: ‘Desculpe os transtornos, estamos em obras’. Nós também deveríamos ter essa plaquinha, por que tantas vezes podemos gerar transtornos para tantas pessoas ao nosso redor. Mas Deus é paciente.  Ele entende que estamos em obra. Porém o desejo de Deus é que nossa Obra não pare, obra parada é um problema. A obra parada permite que as coisas do mundo destruam o que já foi construído, o que não avança regride. Nossa construção deve seguir a direção do crescimento, e esse crescimento tem nome: Santidade, que significa felicidade. Não deixe que a obra pare na sua vida, permita que cresça a obra de santidade em sua vida. 
A alegria do Senhor traz suavidade ao coração, enchamos o coração de alegria para permanecermos no caminho do crescimento. A suavidade proporciona o avanço, o peso do mundo e das tribulações quem nos tornar parados no caminho. ‘Que entre nós não tenham homens tristes, porque um rosto triste é um triste seguimento’ (Papa Francisco). A alegria nos torna leve e feliz para o seguimento radical ao Cristo. De onde vem a alegria? De onde vem a graça de fazer o outro feliz? Nossa alegria vem do Encontro com Jesus, um encontro com Jesus em oração, um encontro que nos faz feliz. É pela motivação e vida de oração no encontro com Jesus a partir de Sua Palavra, sacramentos e oração pessoal, que se renova em nós um rosto feliz todos os dias. O fundador da Opus Dei disse: ‘Quando você tiver triste, reze, trabalhe e sorria muito, assim suas forças e alegria se renovam’.
O Evangelho segundo São Lucas (Lc 6, 43-49) nos fala que a tempestade vem, estando em oração ou não. O que eu não posso permitir é que pelas situações me seja tirada a alegria. Jesus faz duas promessas: cruz e céu. A cruz que me leva para o céu como ponte. O consagrado precisa estar preparado para isso! O consagrado sofre, mas sofre com confiança, porque sabe que é só um momento. É preciso ter em mente que tudo passa. Paulo era um sujeito resiliente, sabia viver bem na alegria ou na dor. A pessoa resiliente é diferente de uma pessoa resistente.  Você é uma pessoa resistente ou resiliente? Deus nos quer resilientes. Nós viemos para este mundo com uma grande missão: fazer o bem a todos. 
O Papa nos diz: ‘não vos fechei em vós mesmos. Não fiqueis reféns dos vossos problemas’. O papa na carta ‘alegrai-vos’ nos mostra o problema e a solução: ‘encontrareis a vida, dando vida; encontrareis o Amor, amando’. A alegria plena, a alegria em Deus, vos torna pessoas resilientes. Jesus nos diz: ‘permanecei no meu Amor para que a minha alegria esteja em vós’, pois onde está o consagrado, está a alegria! “
Da redação, CDMD Missão Maceió

quinta-feira

TEMPO PASCAL
A morte e a vida do Senhor se atualizam no mistério litúrgico



O que acontece com quem ressuscita com Cristo é uma metanoia, metamorfose: Metanoia (do grego antigo μετανοεῖν, translit.  metanoein: μετά, metá, ‘além’, ‘depois'; νοῦς, nous, ‘pensamento’, ‘intelecto’), no seu sentido original, significa mudar o próprio pensamento, mudar de idéia. No sentido religioso, pode significar arrependimento ou o processo de conversão, tanto intelectual como moral e espiritual.  Metamorfose (do grego metamórphosis) é uma mudança na forma e na estrutura do corpo (tecidos, órgãos), bem como um crescimento e uma diferenciação, dos estados juvenis ou larvares de muitos animais, como os insetos e anfíbios (batráquios), até chegarem ao estado adulto. São Paulo chama assim: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criatura. O que era antigo passou agora tudo é novo” (cf. 2Cor 5,17).

Nesta semana, em particular, estamos celebrando a “Oitava da Páscoa”. Como o mistério da “passagem” do Senhor pela morte é extremamente profundo, durante oito dias celebraremos esse grande mistério como se fosse um único dia com o objetivo de viver melhor o ponto central de nossa fé: A ressurreição de jesus (no passado, esse era um tempo especial de contato com a fé para os que tinham sido batizados durante a Vigília Pascal).

Todo o tempo pascal, que se estende por sete semanas até a Festa de Pentecostes, é marcado, não apenas nos domingos, mas também durante todos os  dias da semana, pelos textos de Atos dos Apóstolos e do Evangelho de João. São trechos que nos mostram a fé das primeiras comunidades cristãs e dos Apóstolos em Cristo Ressuscitado e nos convidam a fazer da nossa vida uma contínua páscoa seguindo fielmente os passos de Jesus, testemunhando-o corajosamente no mundo de hoje.

A ressurreição de Cristo foi princípio, de vida nova, para todos os homens, todas as criaturas e as coisas: uma primavera espiritual.
Os cinqüenta dias do Tempo pascal (da Páscoa a pentecostes) são marcados pela alegria profunda dos nossos corações, que é fé na ressurreição do Salvador e fidelidade renovada ao nosso batismo, no qual somos co-ressuscitados com Cristo; o canto do Aleluia, que ressoa repetidamente na liturgia, manifesta o jubilo deste período. Jesus ressuscitado e vivo continua presente no meio dos seus; durante cinqüenta dias o círio pascal, acesso na noite de Páscoa, é símbolo e testemunho desta presença, enquanto cada domingo deste período celebra os diversos modos da presença e manifestação do Senhor ressuscitado na sua Igreja.

No segundo Domingo da Páscoa a aparição do Senhor no meio dos seus consagra o ritmo dominical da sua presença no meio da assembleia festiva dos fiéis: o Domingo festa primordial, dia do Senhor ressuscitado, se torna sinal semanal da Páscoa. Todos os dias para o cristão, que ressuscitou com Cristo será o dia de Páscoa. O cristão será no mundo a chaga do ressuscitado visível na vida e no testemunho, força transformadora da civilização do amor. O Bem-aventurado João Paulo II instituiu a Festa da Divina Misericórdia.  Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (cf. Jo 20,19-31).

No terceiro Domingo reconheceremos o Senhor na fração do pão: com os discípulos de Emaús caminhando a luz da Palavra reconheceremos Jesus que sempre caminha conosco. Ele esta presente no meio de nós através dos sinais Sacramentais. Sobra sobre os discípulos o Espírito Santo dá-lhes o Dom da Inteligencia e os faz testemunhas fiéis e anunciadores do Reino de Deus: Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. Vós sereis testemunhas de tudo isso” (cf. Lc 24,35-48).

No quarto Domingo o Bom Pastor nos manifesta o mistério da presença do Cristo nos pastores da sua Igreja. O desejo de Jesus é reunir todas as suas ovelhas num só rediu, num só rebanho: “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (cf. Jo 10,11-18).

No quinto Domingo Jesus se apresenta como a Videira, a nova arvore da Vida e nós os seus ramos, quem quiser viver deve manter-se unido a Ele para alimentar-se de sua seiva. Assim também é a Igreja hoje, ela tem os frutos, o verdadeiro alimento que nós precisamos para crescer e também produzir: “Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, † como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer” (cf. Jo 15,5).

No sexto Domingo Jesus é o Amor do Pai e ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida pelos amigos e nos dá novamente, como sinal dos seus seguidores o Mandamento do Amor: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (cf. Jo 15, 12-14).

No dia da Ascensão do Senhor (sétimo Domingo), Jesus antes de subir ao Pai, envia ao mundo suas testemunhas; elas e todo o povo profético manifestarão Jesus Cristo salvador: E disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Eis os sinais que acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados” (cf. Mc 16, 15-18).

Em Pentecostes o Espírito Santo realiza a plenitude da Páscoa de Cristo por meio da Igreja. Impelidos pela força de Jesus ressuscitado e pela fé, os apóstolos partem para sua missão do mundo. Jesus disse de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos” (cf. Jo 20, 21-23).

Celebrar a Eucaristia neste período de Páscoa significa particularmente: reconhecer todas as manifestações de Jesus ressuscitado na sua Igreja e na vida de cada cristão; tornar-nos instrumentos destas manifestações, como membros do povo sacerdotal: dar graças ao Pai pela presença contínua de Jesus ressuscitado entre nós. Eu e você somos as testemunhas mais eloquentes de que Cristo ressuscitou, por isso, viva como alguém ressuscitado em Cristo.


Padre Luizinho, 
Comunidade Canção Nova
VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA
A Ressurreição do Senhor


TRÍDUO PASCAL
A morte e a vida do Senhor se atualizam no mistério litúrgico




Na madrugada do Primeiro Dia após o Sábado, o Pai derramou o Espírito Santo sobre o seu Filho morto, e o levantou da morte. Ressuscitado, Jesus vive uma vida totalmente nova na sua alma, agora totalmente glorificada, totalmente feliz e bem-aventurada; nova no seu corpo, agora totalmente pleno de vida divina totalmente livre das leis que regem este mundo.

Vencendo a morte, o Senhor nos abriu o caminho para a Vida. Aqueles que nele são batizados e recebem o seu Espírito Santo, aqueles que comem e bem seu corpo e sangue na Eucaristia, têm já em si esta vida nova e, um dia, ressuscitarão com Jesus e como Jesus.
É isto que celebramos com uma Vigília santa na noite do Sábado para o Domingo. Uma longa vigília com quatro partes: a liturgia da luz (com a bênção do fogo novo, do círio pascal e o anúncio da Páscoa de Cristo e nossa), a liturgia da Palavra (com nove leituras, que explicam o Mistério pascal), a liturgia batismal (com a bênção da água e o batismo e crisma dos que se prepararam durante a Quaresma) e a liturgia eucarística (a missa de páscoa, a partir do ofertório). Esta é a celebração mais importante e mais solene do ano.

"Segundo uma antiqüíssima tradição, esta é a noite de vigília em honra do Senhor (Ex 12, 42). Os fiéis, tal como recomenda o evangelho (Lc 12, 35-36), devem asemelhar-se aos criados, que com as lâmpadas acesas nas mãos, esperam o retorno do seu senhor, para que quando este chegue os encontre velando e os convide a sentar à sua mesa" (Missal Romano, pg 275).
A noite pascal é o grande sacramento da vida do cristão. Batismo e eucaristia, que são o centro da liturgia de hoje, tornam-nos presentes e contemporâneos os acontecimentos que celebramos, e nos comunicam seu valor salvífico.
A Vigília Pascal (que não é vigília, mas já é festa), termina com a celebração eucarística que é a raiz de todas as outras; a partir desta noite da ressurreição, Cristo está presente entre os seus por meio dos sacramentos, e principalmente da eucaristia que os contém todos.

Esta Noite Pascal tem, como toda celebração litúrgica duas partes centrais:
- A Palavra: Nesta celebração as leituras são mais numerosas (nove, ao invés das duas ou três habituais);
- O Sacramento: Esta noite, depois do caminho quaresmal e do catecumenato, celebra-se, antes da Eucaristia, os sacramentos da iniciação cristã: o Batismo e a Crisma.
Assim, os dois momentos centrais se revestem de um acento especial: se proclama na Palavra a salvação que Deus oferece à humanidade, atingindo o ápice com o anúncio da ressurreição do Senhor. E logo celebra-se sacramentalmente esta mesma salvação, com os sacramentos do Bastismo, da Crisma e da Eucaristia. A tudo isso também antecede um especial rito de entrada constando do rito da luz, que brilha em meio à noite, e o pregão Pascal, lírico e solene.

A PÁSCOA DO SENHOR, NOSSA PÁSCOA
Todos estes elementos especiais da Vigilia querem ressaltar o conteúdo fundamental da Noite: a Páscoa do Senhor, a sua passagem da Morte à Vida.A oração ao início das leituras do Novo Testamento, invoca a Deus, que "ilumina esta noite santa com a gloria da ressurreição do Senhor". Nesta noite, com mais razão que em nenhum outro momento, a Igreja louva a Deus porque "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado". (Prefácio I de Páscoa).

Porém a Páscoa de Cristo é também a nossa Páscoa: "na morte de Cristo nossa morte foi vencida e em sua ressurreição resuscitamos todos" (Prefácio II de Páscoa).
A comunidade cristã se sente integrada, "contemporânea da Passagem de Cristo através da morte à vida". Ela mesma renasce e goza na "nova vida que nasce destes sacramentos pascais" (oração sobre as ofertas da Vigilia): pelo Batismo se submerge com Cristo em sua Páscoa, pela Confirmação recebe também ela o Espírito de Vida, e na Eucaristia participa do Corpo e Sangue de Cristo, como memorial de sua morte e ressurreição.

Os textos, orações, cantos todos apontam a esta gozosa experiência da Igreja unida ao seu Senhor, centralizada nos sacramentos pascais. Esta é a melhor chave para a espiritualidade cristã, que deve centralizar-se mais que na contemplação das dores de Jesus (a espiritualidade da Sexta-feira Santa é a mais fácil de assimilar), na comunhão com o Ressuscitado dentre os mortos. Cristo, ressuscitando, venceu a morte. Este é na verdade "o dia que o Senhor fez para nós". O fundamento de nossa fé. A experiência decisiva de que a Igreja, como Esposa unida ao Esposo, recorda e vive a cada ano renovando sua comunhão com Ele, na Palavra e nos Sacramentos desta Noite.

LUZ DE CRISTO
O fogo novo é abençoado em silêncio, depois, toma parte do carvão abençoado e colocado no turíbulo, coloca-se então o incenso e se incensa o fogo três vezes. Mediante este rito singelo a Igreja reconhece a dignidade da criação que o Senhor resgata. A cera, por sua vez, é agora uma criatura renovada. Devolver-se-á ao círio o sagrado papel de significar ante os olhos do mundo a glória de Cristo Ressuscitado. Por isso se grava em primerio lugar a cruz no círio. A cruz de Cristo devolve à cada coisa seu sentido. Por isso o Cânon Romano diz: "Por Ele (Cristo) segue criando todos os bens, os santificas, os enche de vida, os abençoas e repartes entre nós". Ao gravar na cruz as letras gregas Alfa e Ômega e as cifras do ano em curso, o celebrante proclama: "Cristo ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega. Dele é o tempo. E a eternidade. A ele a glória e o poder. Pelos séculos dos séculos. Amém". Assim expressa com gestos e palavras toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos, exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor, e tudo, homens, coisas e tempo estão sob sua potestade.

O Círio é decorado com grãos de Incenso, que segundo uma tradição muito antiga, que passaram a significar simbolicamente as cinco chagas de Cristo: "Por tuas chagas santas e gloriosas nos proteja e nos guarde Jesus Cristo nosso Senhor". O celebrante termina acendendo o fogo novo, dizendo: "A luz de Cristo, que ressuscita glorioso, dissipe as trevas do coração do e do espírito". Após acender o círio que representa Cristo, a coluna de fogo e de luz que nos guia através das trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança a procissão dos ministros. Enquanto a comunidade acende as suas velas no Círio recém aceso se escuta cantar três vezes: "Luz de Cristo". Estas experiências devem ser vividas com uma alma de criança, singela mas vibrante, para estar em condições de entrar na mentalidade da Igreja neste momento de júbilo. O mundo conhece demasiado bem as trevas que envolvem a sua terra em desgraça e tormento. Porém, nesta hora, pode-se dizer que sua desventura atraiu a misericórdia e que o Senhor quer invadir a toda realidade com torrentes de sua luz.

Já os profetas haviam prometido a luz: "O Povo que caminha em meio às trevas viu uma grande luz", escreve Isaías (Is 9,1; 42,7; 49,9). Esta luz que amanhecerá sobre a Nova Jerusalém (Is 60,1ss.) será o próprio Deus vivo, que iluminará aos seus e seu Servo será a luz das nações (Is 42,6; 49,6). “O catecúmeno que participa desta celebração da luz sabe por experiência própria que desde seu nascimento está em meio às trevas; mas tem o conhecimento de que Deus o chamou para sair das trevas e a entrar em sua luz maravilhosa” (1 Pd 2,9). Dentro de uns momentos, na pia batismal, "Cristo será sua luz" (Ef 5, 14). Passará das trevas à "luz no Senhor" (Ef 5,8).

O PREGÃO PASCAL OU "EXULTET"
Este hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, alegria do céu, da terra, da Igreja, da assembléia dos cristãos. Esta alegria procede da vitória de Cristo sobre as trevas.

Em seguida é proclamada a grande Ação de Graças. Seu tema é a história da salvação resumida pelo poema. Uma terceira parte consiste em uma oração pela paz, pela Igreja por suas autoridades e seus fiéis, pelos governantes das nações, para que todos cheguem à pátria celestial.

LITURGIA BATISMAL
É benta a água batismal para significar que toda a sua eficácia deriva do Mistério pascal. Recebei a luz de Cristo! É nesse dia que se batizam os catecúmenos que se tinham preparado durante a Quaresma.

A LITURGIA DA PALAVRA
Nesta noite a comunidade cristã se detém mais do que o normal na proclamação da Palavra. Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de Cristo e iluminam a História da Salvação e o sentido dos sacramentos pascais. Há um diálogo entre Deus que se dirige ao seu Povo (as leituras) e o Povo que Lhe responde (Salmos e orações).

As leituras da Vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: "...e começando por Moisés e por todos os profetas, os interpretou (aos discípulos de Emaús) em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito"(Lc 24, 27).

A EUCARISTIA
A celebração Eucarística é o ápice da Noite Pascal. É a Eucaristía central de todo o ano, mais importante que a do Natal ou da Quinta-feira Santa. Cristo, o Senhor Ressuscitado, nos faz participar do seu Corpo e do seu sangue, como memorial da sua Páscoa. 

É o ponto mais importante da celebração. A Vigília termina com a Eucaristia. Nela exprimimos a nossa alegria e dirigimos a nossa ação de graças pelas maravilhas realizadas nesta noite, “em que Cristo, nossa Páscoa, foi imolado”. Nela, ao tomarmos parte no banquete da Nova Aliança, se ratifica a nossa adesão a Cristo vivo e ressuscitado, que nos resgatou. Nela, faremos verdadeiramente nossa a Páscoa do Senhor.

Pela ressurreição de Cristo, a vida substitui a morte; o amor ao egoísmo, a esperança à desesperança: a criação nova é inaugurada. Ficamos pecadores mais com Cristo ressuscitado, a salvação é possível e a vida divina é dada; o sofrimento e a morte são caminho para a vida. A Vigília Pascal que celebra esta ressurreição é verdadeiramente a solenidade de solenidades, a primeira e a maior festa do ano.

A Páscoa nos introduz numa fase dinâmica que brota da vida do Ressuscitado. Batizados na Morte e Ressurreição de Jesus, começamos a caminha em novidade de vida. Este nosso caminhar, este nosso “êxodo”, esta nossa “páscoa”, que tem a duração da nossa existência exige de nós esforço, generosidade, sacrifício. Ressuscitados com Cristo temos de levar uma vida de ressuscitados. Por maiores que sejam as dificuldades, um verdadeiro cristão nunca desanima. Cristo Ressuscitado, vive eternamente, vai conosco, para nos ajudar a sermos fieis ao Pai e aos homens, nossos irmãos.

REFERÊNCIAS:
1. http://www.acidigital.com/ 
2. visaocristadomhenrique.blogspot.com