VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA
A Ressurreição do Senhor
TRÍDUO PASCAL
A morte e a vida do Senhor se atualizam no mistério litúrgico
Na madrugada do Primeiro Dia após o Sábado, o Pai derramou o Espírito Santo sobre o seu Filho morto, e o levantou da morte. Ressuscitado, Jesus vive uma vida totalmente nova na sua alma, agora totalmente glorificada, totalmente feliz e bem-aventurada; nova no seu corpo, agora totalmente pleno de vida divina totalmente livre das leis que regem este mundo.
Vencendo a morte, o Senhor nos abriu o caminho para a Vida. Aqueles que nele são batizados e recebem o seu Espírito Santo, aqueles que comem e bem seu corpo e sangue na Eucaristia, têm já em si esta vida nova e, um dia, ressuscitarão com Jesus e como Jesus.
É isto que celebramos com uma Vigília santa na noite do Sábado para o Domingo. Uma longa vigília com quatro partes: a liturgia da luz (com a bênção do fogo novo, do círio pascal e o anúncio da Páscoa de Cristo e nossa), a liturgia da Palavra (com nove leituras, que explicam o Mistério pascal), a liturgia batismal (com a bênção da água e o batismo e crisma dos que se prepararam durante a Quaresma) e a liturgia eucarística (a missa de páscoa, a partir do ofertório). Esta é a celebração mais importante e mais solene do ano.
"Segundo uma antiqüíssima tradição, esta é a noite de vigília em honra do Senhor (Ex 12, 42). Os fiéis, tal como recomenda o evangelho (Lc 12, 35-36), devem asemelhar-se aos criados, que com as lâmpadas acesas nas mãos, esperam o retorno do seu senhor, para que quando este chegue os encontre velando e os convide a sentar à sua mesa" (Missal Romano, pg 275).
A noite pascal é o grande sacramento da vida do cristão. Batismo e eucaristia, que são o centro da liturgia de hoje, tornam-nos presentes e contemporâneos os acontecimentos que celebramos, e nos comunicam seu valor salvífico.
A Vigília Pascal (que não é vigília, mas já é festa), termina com a celebração eucarística que é a raiz de todas as outras; a partir desta noite da ressurreição, Cristo está presente entre os seus por meio dos sacramentos, e principalmente da eucaristia que os contém todos.
Esta Noite Pascal tem, como toda celebração litúrgica duas partes centrais:
- A Palavra: Nesta celebração as leituras são mais numerosas (nove, ao invés das duas ou três habituais);
- O Sacramento: Esta noite, depois do caminho quaresmal e do catecumenato, celebra-se, antes da Eucaristia, os sacramentos da iniciação cristã: o Batismo e a Crisma.
Assim, os dois momentos centrais se revestem de um acento especial: se proclama na Palavra a salvação que Deus oferece à humanidade, atingindo o ápice com o anúncio da ressurreição do Senhor. E logo celebra-se sacramentalmente esta mesma salvação, com os sacramentos do Bastismo, da Crisma e da Eucaristia. A tudo isso também antecede um especial rito de entrada constando do rito da luz, que brilha em meio à noite, e o pregão Pascal, lírico e solene.
A PÁSCOA DO SENHOR, NOSSA PÁSCOA
Todos estes elementos especiais da Vigilia querem ressaltar o conteúdo fundamental da Noite: a Páscoa do Senhor, a sua passagem da Morte à Vida.A oração ao início das leituras do Novo Testamento, invoca a Deus, que "ilumina esta noite santa com a gloria da ressurreição do Senhor". Nesta noite, com mais razão que em nenhum outro momento, a Igreja louva a Deus porque "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado". (Prefácio I de Páscoa).
Porém a Páscoa de Cristo é também a nossa Páscoa: "na morte de Cristo nossa morte foi vencida e em sua ressurreição resuscitamos todos" (Prefácio II de Páscoa).
A comunidade cristã se sente integrada, "contemporânea da Passagem de Cristo através da morte à vida". Ela mesma renasce e goza na "nova vida que nasce destes sacramentos pascais" (oração sobre as ofertas da Vigilia): pelo Batismo se submerge com Cristo em sua Páscoa, pela Confirmação recebe também ela o Espírito de Vida, e na Eucaristia participa do Corpo e Sangue de Cristo, como memorial de sua morte e ressurreição.
Os textos, orações, cantos todos apontam a esta gozosa experiência da Igreja unida ao seu Senhor, centralizada nos sacramentos pascais. Esta é a melhor chave para a espiritualidade cristã, que deve centralizar-se mais que na contemplação das dores de Jesus (a espiritualidade da Sexta-feira Santa é a mais fácil de assimilar), na comunhão com o Ressuscitado dentre os mortos. Cristo, ressuscitando, venceu a morte. Este é na verdade "o dia que o Senhor fez para nós". O fundamento de nossa fé. A experiência decisiva de que a Igreja, como Esposa unida ao Esposo, recorda e vive a cada ano renovando sua comunhão com Ele, na Palavra e nos Sacramentos desta Noite.
LUZ DE CRISTO
O fogo novo é abençoado em silêncio, depois, toma parte do carvão abençoado e colocado no turíbulo, coloca-se então o incenso e se incensa o fogo três vezes. Mediante este rito singelo a Igreja reconhece a dignidade da criação que o Senhor resgata. A cera, por sua vez, é agora uma criatura renovada. Devolver-se-á ao círio o sagrado papel de significar ante os olhos do mundo a glória de Cristo Ressuscitado. Por isso se grava em primerio lugar a cruz no círio. A cruz de Cristo devolve à cada coisa seu sentido. Por isso o Cânon Romano diz: "Por Ele (Cristo) segue criando todos os bens, os santificas, os enche de vida, os abençoas e repartes entre nós". Ao gravar na cruz as letras gregas Alfa e Ômega e as cifras do ano em curso, o celebrante proclama: "Cristo ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega. Dele é o tempo. E a eternidade. A ele a glória e o poder. Pelos séculos dos séculos. Amém". Assim expressa com gestos e palavras toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos, exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor, e tudo, homens, coisas e tempo estão sob sua potestade.
O Círio é decorado com grãos de Incenso, que segundo uma tradição muito antiga, que passaram a significar simbolicamente as cinco chagas de Cristo: "Por tuas chagas santas e gloriosas nos proteja e nos guarde Jesus Cristo nosso Senhor". O celebrante termina acendendo o fogo novo, dizendo: "A luz de Cristo, que ressuscita glorioso, dissipe as trevas do coração do e do espírito". Após acender o círio que representa Cristo, a coluna de fogo e de luz que nos guia através das trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança a procissão dos ministros. Enquanto a comunidade acende as suas velas no Círio recém aceso se escuta cantar três vezes: "Luz de Cristo". Estas experiências devem ser vividas com uma alma de criança, singela mas vibrante, para estar em condições de entrar na mentalidade da Igreja neste momento de júbilo. O mundo conhece demasiado bem as trevas que envolvem a sua terra em desgraça e tormento. Porém, nesta hora, pode-se dizer que sua desventura atraiu a misericórdia e que o Senhor quer invadir a toda realidade com torrentes de sua luz.
Já os profetas haviam prometido a luz: "O Povo que caminha em meio às trevas viu uma grande luz", escreve Isaías (Is 9,1; 42,7; 49,9). Esta luz que amanhecerá sobre a Nova Jerusalém (Is 60,1ss.) será o próprio Deus vivo, que iluminará aos seus e seu Servo será a luz das nações (Is 42,6; 49,6). “O catecúmeno que participa desta celebração da luz sabe por experiência própria que desde seu nascimento está em meio às trevas; mas tem o conhecimento de que Deus o chamou para sair das trevas e a entrar em sua luz maravilhosa” (1 Pd 2,9). Dentro de uns momentos, na pia batismal, "Cristo será sua luz" (Ef 5, 14). Passará das trevas à "luz no Senhor" (Ef 5,8).
O PREGÃO PASCAL OU "EXULTET"
Este hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, alegria do céu, da terra, da Igreja, da assembléia dos cristãos. Esta alegria procede da vitória de Cristo sobre as trevas.
Em seguida é proclamada a grande Ação de Graças. Seu tema é a história da salvação resumida pelo poema. Uma terceira parte consiste em uma oração pela paz, pela Igreja por suas autoridades e seus fiéis, pelos governantes das nações, para que todos cheguem à pátria celestial.
LITURGIA BATISMAL
É benta a água batismal para significar que toda a sua eficácia deriva do Mistério pascal. Recebei a luz de Cristo! É nesse dia que se batizam os catecúmenos que se tinham preparado durante a Quaresma.
A LITURGIA DA PALAVRA
Nesta noite a comunidade cristã se detém mais do que o normal na proclamação da Palavra. Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de Cristo e iluminam a História da Salvação e o sentido dos sacramentos pascais. Há um diálogo entre Deus que se dirige ao seu Povo (as leituras) e o Povo que Lhe responde (Salmos e orações).
As leituras da Vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: "...e começando por Moisés e por todos os profetas, os interpretou (aos discípulos de Emaús) em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito"(Lc 24, 27).
A EUCARISTIA
A celebração Eucarística é o ápice da Noite Pascal. É a Eucaristía central de todo o ano, mais importante que a do Natal ou da Quinta-feira Santa. Cristo, o Senhor Ressuscitado, nos faz participar do seu Corpo e do seu sangue, como memorial da sua Páscoa.
É o ponto mais importante da celebração. A Vigília termina com a Eucaristia. Nela exprimimos a nossa alegria e dirigimos a nossa ação de graças pelas maravilhas realizadas nesta noite, “em que Cristo, nossa Páscoa, foi imolado”. Nela, ao tomarmos parte no banquete da Nova Aliança, se ratifica a nossa adesão a Cristo vivo e ressuscitado, que nos resgatou. Nela, faremos verdadeiramente nossa a Páscoa do Senhor.
Pela ressurreição de Cristo, a vida substitui a morte; o amor ao egoísmo, a esperança à desesperança: a criação nova é inaugurada. Ficamos pecadores mais com Cristo ressuscitado, a salvação é possível e a vida divina é dada; o sofrimento e a morte são caminho para a vida. A Vigília Pascal que celebra esta ressurreição é verdadeiramente a solenidade de solenidades, a primeira e a maior festa do ano.
A Páscoa nos introduz numa fase dinâmica que brota da vida do Ressuscitado. Batizados na Morte e Ressurreição de Jesus, começamos a caminha em novidade de vida. Este nosso caminhar, este nosso “êxodo”, esta nossa “páscoa”, que tem a duração da nossa existência exige de nós esforço, generosidade, sacrifício. Ressuscitados com Cristo temos de levar uma vida de ressuscitados. Por maiores que sejam as dificuldades, um verdadeiro cristão nunca desanima. Cristo Ressuscitado, vive eternamente, vai conosco, para nos ajudar a sermos fieis ao Pai e aos homens, nossos irmãos.
REFERÊNCIAS:
1. http://www.acidigital.com/
2. visaocristadomhenrique.blogspot.com