A Liturgia na Igreja
“A vida e a morte do Senhor se atualizam
no mistério litúrgico.”

Paz e Bem!

Nos próximos seis meses, percorreremos um caminho dentro da liturgia da Igreja e convidamos você a estar conosco durante esse tempo. O curso que iremos trabalhar é direcionado a leigos que tenham o interesse de conhecer um pouco mais sobre a liturgia de um modo geral. Esse é um caminho de amor!

Apresentaremos esta primeira parte do nosso curso sobre Liturgia com algumas perguntas e respostas, buscando um entendimento dinâmico. Aprendamos o sentido de Liturgia, pois só podemos amar aquilo que conhecemos.

O que significa Liturgia?

A palavra Liturgia quer dizer “ação do povo e para o povo”. Toda comunidade participa da liturgia; nela há uma restauração de todo povo, que se torna, pela Graça de Deus, participante do sacerdócio de Cristo. Há também outra ação na liturgia, uma ação magnífica que não é a ação do homem, mas a ação de Deus. Assim, toda liturgia é uma ação do homem para Deus e de Deus para o homem.

Por que a Liturgia na Igreja?

O mistério de toda liturgia nos aponta Cristo em seu Mistério Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor). Nesse grande Mistério Pascal, vemos que, do lado aberto de Cristo na cruz, nasce a Igreja. Por isso, o Mistério Pascal está no centro da liturgia e, estando o mistério de nossa salvação no centro da liturgia, esta se torna para nós fonte de salvação: o grande projeto de Deus em nós e para nós.

Também é importante saber que toda liturgia é um Memorial. Fazer memória é muito mais do que simplesmente fazer lembrança, fazer memória é tornar presente, real. E aonde queremos chegar com essa explicação? Toda Liturgia é um verdadeiro Memorial do Mistério Pascal de Cristo, ou seja, a morte e a vida do Senhor se atualizam no mistério litúrgico, tornando-se, assim, para nós, fonte de salvação.

Quem celebra na Liturgia?

Pelo batismo, nós nos tornamos participantes do sacerdócio de Cristo. Então, o celebrante da liturgia é o “Cristo Total”, ou seja, todo o povo de Deus é quem celebra em comunhão com Jesus Cristo. Na liturgia, o sumo e eterno sacerdote é Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado, ele oferece e é oferecido e a Igreja une-se a Cristo e, estando em comunhão com Ele, torna-se também celebrante. Mas é importante lembrar que nem todos os membros têm a mesma função (cf. Rm 12,4). Por exemplo, os ministros ordenados agem na pessoa de Cristo e significam a Cabeça desse Corpo Místico para os irmãos. O ministro ordenado é o ícone de Cristo Sacerdote. Há também outros serviços na celebração litúrgica, são os ministérios particulares.

Então, o que é Ministério?

Em grego, Diakonia e em latim, Ministerium, significa serviço. Aquele serviço que, no conceito grego era sinônimo de escravidão, passa a ser, no sentido cristão, um serviço prestado a toda humanidade, pelo reino de Deus. Então, podemos ver que o ministério significa um serviço prestado aos homens pelo mistério de Deus e em vista de participar de sua ação salvadora. Na Eucaristia celebrada, por exemplo, há os seguintes ministérios: o do presidente da celebração (que está à frente do povo fiel reunido), o do diácono (que é o ministro da palavra de Deus e auxilia o celebrante), o povo de Deus (que participa ativamente da celebração) e os ministérios particulares (acólitos, leitores) etc.

Como devemos Celebrar?

O ser humano é um ser corporal e espiritual, dessa forma, ele necessita de símbolos e sinais para melhor celebrar a liturgia. O catecismo nos fala quanto a sinais, símbolos, palavras, ações, canto e música, as santas imagens; todos esses elementos fazem parte da ação litúrgica. Os sinais e os símbolos mostram realidades espirituais; coisas materiais, palavras e gestos vivificam as ações simbólicas que já são uma linguagem; e o canto que, por sua vez, ligado às palavras, traz em si a beleza expressiva da oração e a participação de toda comunidade além de trazer o aspecto solene da celebração.

Quando devemos Celebrar?

Devemos compreender que a liturgia não acontece somente num espaço sagrado, mas também num tempo sagrado. O povo de Deus sacralizou o tempo porque não nega a realidade histórica e vê no tempo a manifestação de Deus, onde os acontecimentos são vistos em uma sucessão lógica, interpretados, guiados pela vontade de Deus e se tornam ações de salvação. É importante lembrar o que nos diz o Catecismo: o tempo da celebração é sempre um hoje! O hoje que vivemos se concretiza também no tempo histórico celebrando os feitos do Senhor, fazendo memória e educando as futuras gerações no que é próprio da cultura religiosa.

Onde devemos Celebrar?

Jesus inaugura uma nova compreensão daquilo que é o espaço sagrado: “Nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar. Jesus respondeu: Mulher, acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem em Jerusalém.” (Cf. Jo 4. 20-24). A celebração não está ligada a um lugar exclusivo, pois, em Cristo, toda a terra foi santificada. O mais importante são as pessoas, elas são as pedras vivas e escolhidas, o verdadeiro templo, o Corpo de Cristo ressuscitado. Não quer dizer que não se deva construir e considerar o espaço físico da Igreja. Os templos, construídos para a celebração, representam a manifestação da Igreja viva naquele lugar e, neles, o povo se reúne para celebrar a Eucaristia, ou mesmo em outro lugar conveniente digno de tão grande mistério. “A casa de oração é honrada para auxílio e consolação dos cristãos, deve ser bela e adequada para a oração e as celebrações religiosas. Nesta casa de Deus, a verdade e a harmonia dos sinais que a constituem devem manifestar o Cristo que está presente e age neste lugar” (Sacrossactum Concilium).

Abraço fraterno com orações.

Deus vos guarde!

Raí Kronemberger e Tereza Izabel
Discípulos de Aliança