Ação Social e Ação Social da Igreja

Com este tema, abordaremos o que vem a ser ação social e ação social da igreja. Buscaremos estabelecer a diferenciação entre elas e o que nos propõe.

Para entendermos o que significam precisamos compreender as motivações que levaram os indivíduos a agirem de determinada forma e o sentido que a ação social possui. Para as teorias da ação, o indivíduo possui uma grande importância na sociedade, e não é determinado por uma estrutura. O indivíduo possui motivações próprias, desejos, vontades que dão sentido a ação que ele estabelece socialmente. Isto significa dizer que o indivíduo pode agir socialmente influenciado por valores morais, éticos, ou pela tradição. Suas ações são dotadas de sentido próprio. Ao conviverem em sociedade, os indivíduos estabelecem entre si interações, através das quais criam expectativas mútuas de comportamento. Dessa forma, os indivíduos podem ser considerados atores sociais e, como tais, estabelecem papéis diversos no seio de uma sociedade. Exemplo: a mulher ocidental moderna que exerce o papel de mãe, mulher, trabalhadora, dentre outros. Para Weber, principal teórico da chamada sociologia compreensiva, cada indivíduo age por motivos que resultam da influência da tradição, dos interesses racionais e pessoais; ação esta que ele classifica como ação social.

Então o que vem a ser ação social?

Ação social é todo comportamento cuja origem depende da reação ou da expectativa de reação de outras partes envolvidas. Essas “outras partes” podem ser indivíduos ou grupos, próximos ou distantes, conhecidos ou desconhecidos por quem realiza a ação. A idéia central da ação social é a existência de um sentido na ação: ela se realiza de uma parte (agente) para outra. É uma atitude sobre a qual recai ao menos um desejo de intercâmbio, de relacionamento. Como toda relação social, é determinada não só pelos resultados para o agente, mas também pelos efeitos (reais ou esperados) que pode causar ao outro.

Entendendo o que vem a ser ação social, falaremos agora sobre ação social da Igreja. A Igreja Católica em todos os tempos se preocupa com a sua ação social, traduzida em caridade, isto é, amor ao próximo em gestos concretos. Encontramos inúmeras passagens na Sagrada Escritura e documentos da Igreja que demonstram a ação de Cristo. Neste aspecto Cristo passa pelo mundo fazendo o bem, acolhe a todos sem distinção e revela-nos que Deus é amor (1 Jo 4, 8) e nos ensina que a lei fundamental da perfeição humana e da transformação do mundo é o mandamento do amor.

Em sua ação social e pastoral a Igreja se orienta pelas exigências do serviço, diálogo, anúncio e testemunho. A solidariedade se realiza na dimensão do serviço. O ‘serviço’ gera diálogo, que gera anúncio, que gera testemunho. Serviço que é presença de amor, amizade e solidariedade junto aos pobres, aos que sofrem: doentes, famintos, encarcerados, os que não têm trabalho, teto, terra, dignidade. Presença por meio de pequenos gestos cotidianos, mas também através de projetos de promoção humana, de defesa dos direitos humanos, de promoção da cidadania. Enfim, defender a vida, promover a paz, alicerçar a sociedade na justiça.

Deus não exclui, acolhe a todos em sua misericórdia e todos os cristãos somos chamados a incluir como o próprio Cristo nos ensinou através de suas ações “vendo Jesus numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes.” (Mt 14,14), “Vem para o meio.” (Mc 3,3). “dai-lhe vós mesmos de comer.” (Mt 14,16). Os evangelhos nos ensinam que a medida, ou o critério, do amor humano, da caridade e da solidariedade é o amor com que Cristo amou a humanidade: “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35).

Com a realização do Concílio Vaticano II a Igreja na América Latina se organiza a partir da necessidade do povo e assume uma profética forma Evangélica de opção preferencial pelos pobres. Tendo em vista este novo jeito de ser Igreja podemos afirmar a grande contribuição da transformação social. A Igreja Católica no Brasil inserida no contexto de transformação social tem tido uma forte presença no campo da ação social, seja através das paróquias, capelas e irmandades, seja através das Ordens e Congregações Religiosas, Santas Casas de Misericórdia, orfanatos e asilos.

Em tempos mais recentes, as Comunidades Eclesiais de Base e as diversas pastorais sociais contribuíram para melhor organizar o empenho social da Igreja, tanto no sentido de obras caritativas, como no sentido de presença pública, tomando posição a favor da realização da justiça social e na defesa dos direitos humanos.

Ação social na Igreja não é paternalismo, é o empenho da Igreja e de sua Organização (local, regional e mundial), seus inúmeros documentos, seus agentes pautados pelos valores do evangelho e seguindo o Mestre, em transformar o mundo pela caridade, diálogo e serviço. Só na comunhão de um amor que se compadece podemos oferecer Jesus ao mundo. O amor é o milagre que sacia a fome do corpo, da alma, de justiça e de paz.

Por Maria de Fátima Oliveira Remígio, postulante Comunidade Doce Mãe de Deus